domingo, 19 de outubro de 2008

TEATRO DE RISCO: história de livre adaptação

O Brasil acompanhou de perto o drama vivido pelas pessoas envolvidas no seqüestro da jovem Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, que foi mantida como refém do ex-namorado, Lindemberg Alves. Além do casal, uma amiga de Eloá, a menina Nayara Silva também permaneceu grande parte do tempo nesse cenário de horror classificado pelo comandante do Batalhão de Choque, o coronel Eduardo José Félix, como “Teatro de Risco”. Esse título dado pelo coronel ao caso que parou o país seria bastante apropriado se o autor da história fosse algum policial cansado e com o nível de estresse superando qualquer limite após uma semana de expectativas e olhar fixo nas três janelas do apartamento que serviu como cativeiro.

O “Teatro de Risco”, escrito então por esses policiais, justifica a atitude dos soldados principalmente na hora de estourar o cativeiro. Sim, estourar no sentido mais pirotécnico da palavra, isso por conta da quantidade agressiva de explosivos plásticos instalados na entrada principal do apartamento. Na outra ponta do cenário, um soldado sobe ligeiramente a escada e com dificuldades, tenta entrar pela janela da cozinha. De um jeito ou de outro, era preciso invadir. E o espetáculo segue...

CENA 01: INVASÃO/INTERIOR/NOITE

Policiais explodem a porta do apartamento e tentam invadir a casa. Uma mesa de jantar dificulta a passagem dos soldados. De dentro do apartamento, o seqüestrador dispara tiros de sua arma cablibre 32.

Soldado1: Vamos mano, balas de borracha pra cima do vagabundo! (disparos com balas de borracha revidando o ataque do seqüestrador)

Seqüestrador: Meu, não sei o que estou fazendo. Eu juro que ouvi o diabinho, isso é coisa dele, ta ligado?

(Um grupo de soldados invadem o cenário e chegam até o seqüestrador. O grupo se divide numa rápida ação) – Trilha Aventura – Fade out

Soldado 2: Mano, tem umas minas aqui, me ajuda!

Em câmera lenta os policiais retiram uma jovem ensangüentada do chão enquanto dois soldados imobilizam o seqüestrador. A primeira menina deixa o cenário. Corta para o seqüestrador que é convidado a se retirar da cena do crime. Corta para um policial que leva em seus braços a vítima fatal.

(As luzes se apagam. Off com sirenes, gritos e confusão)

A ordem certa das cenas desse “Teatro de Risco” ainda não foi definida. O roteiro pode ser escrito de acordo com os pontos de vista daqueles que participaram da semana mais tensa de outubro de 2008. Mas no meio de tantas histórias, com tantos personagens e uma infinidade de versões, o que resta a fazer é esperar pela versão do cinema. No ano que vem faremos a mesma pergunta que ecoou na estréia do Festival do Rio: “Na época, você acompanhou o caso pela televisão?” Estou me referindo ao incidente no ônibus 174 que vai permanecer eterno nas prateleiras do gênero: Aventura/Policial.


EM BREVE NOS CINEMAS


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